Carlos Chagas
Do jeito que as coisas vão, e apesar da
propaganda, chegaremos ao segundo semestre com um milhão de novos
desempregados, a contar de outubro do ano passado. Ou não foram 665 mil até
fevereiro, mais pelo menos 100 mil previstos para este mês?
Não se dirá que os empresários dão de
ombros para o drama de seus ex-empregados. Devem estar sentidos, mas, para
eles, tanto faz como tanto fez. Estarão garantidos pessoalmente.
Só que existe outro problema tão grande
quanto o desespero dos que vão perdendo postos de trabalho, humilhados por
precisarem recorrer ao pálido seguro-desemprego ou ao bolsa-família. Do milhão
acima referido, quantos não resistirão à tentação ou à compulsão de buscar a
marginalidade? Se for 1%, serão dez mil, mas poderão ser bem mais optando pelo
crime, em especial em grandes centros como São Paulo, Rio, Belo Horizonte e
outros.
A falta de previsão tem sido
característica centenária dos governos nacionais e estaduais. Preferem o
imediatismo. Seria bom parar para pensar, especialmente numa hora em que o
palácio do Planalto puxa a fila dos cortes orçamentários para enfrentar a
crise. Gastos com esporte, turismo, meio ambiente e defesa foram reduzidos de
forma drástica no plano federal. Dirão os tecnocratas de Brasília que segurança
pública não é com eles. Trata-se de problema dos governadores, também
empenhados em passar a tesoura nos respectivos orçamentos. Só que não é bem
assim. Dotações do ministério da Justiça e das forças armadas relacionam-se com
a proteção do cidadão, e sofrem cortes.
A conclusão surge amarga: para
enfrentar o aumento da criminalidade seriam necessários investimentos imediatos
no setor policial e sucedâneos. Só que está acontecendo o oposto. Além de não
crescer, o arcabouço da segurança pública diminui. Como parece inócuo sugerir
que cada cidadão passe a adquirir a sua arma, dentro da campanha ainda vigente
pelo desarmamento, a solução seria, no mínimo, para a população comprar
cadeados, aprisionando-se em sua própria casa…
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